A “legionelose” é uma doença de origem ambiental que se pode apresentar de diferentes modos: por uma infecção pulmonar, a “Doença dos Legionários”, que se caracteriza por pneumonia atípica com febres altas e pela “febre de Pontiac”, que se manifesta com um síndrome febril agudo de prognóstico leve.
Actualmente existem 42 espécies de Legionella e estas dividem-se em três serogrupos: serogrupo 1, serogrupo 2-14 e o spp. O serogrupo 1 - Legionella pneumophila é o que causa maior mortalidade, devido à sua capacidade de sobreviver e multiplicar-se em condições ambientais extremas.
Esta bactéria tem um carácter ubiquitário, isto é, consegue obter crescimento em diferentes tipos de ambientes e tem a capacidade de sobreviver em águas com temperaturas de 25ºC a 45ºC, a pH ácidos e na presença de oxigénio, sendo a temperatura óptima de crescimento de 35ºC a 37ºC.
A infecção é transmitida por via aérea (respiratória) através de pequenas gotículas de água contaminada (aerossóis), e está associada à contaminação do ar interior dos edifícios. Não se transmite de pessoa para pessoa nem pela ingestão de água contaminada. No entanto, afecta preferencialmente pessoas adultas com mais de 50 anos, sexo masculino, e em especial fumadores, pessoas portadoras doenças crónicas debilitantes e ainda pessoas portadoras doenças com compromisso da imunidade.
A Legionella, para além de se encontrar nos ambientes aquáticos naturais (lagos e rios), também se encontra nos sistemas artificiais, ou seja, sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores, humidificadores e sistemas de ar condicionado), instalações de redes prediais de água quente e fria, sistemas de águas climatizadas para fins recreativos ou terapêuticos (piscinas, jacuzzi) e depósitos de água. Todas as instalações acima referidas encontram-se no dia-a-dia, como por exemplo nos empreendimentos hospitalares, empreendimentos turísticos, empreendimentos comerciais, edifícios de ensino, restauração, instalações desportivas, etc.
Em Portugal, a doença dos legionários foi pela primeira vez descrita em 1979, e os casos posteriormente identificados foram associados a viagens e alojamentos em unidades hoteleiras de zonas turísticas.
A doença dos legionários, “estando incluída na lista das doenças de declaração obrigatória desde 1999, carece de uma declaração da responsabilidade de todos os médicos, quer exerçam a actividade no Serviço Nacional de Saúde, quer no sector privado. Por outro lado, o respectivo Delegado do Concelho de Saúde tem competência para conduzir acções de inspecção, tanto do ponto de vista preventivo como após a notificação de um ou mais casos de doença, bem como para aconselhar o cumprimento das recomendações contidas no Guia da Doença dos Legionários da Direcção-Geral de Saúde”.
O mesmo guia refere que “O Ministério da Economia, através da Direcção-Geral do Turismo e no âmbito da competência atribuída para acompanhamento do estado de conservação e manutenção das estruturas, instalações e equipamentos dos empreendimentos turísticos, poderá impôr, em articulação com as autoridades de saúde, a adopção de estratégias para a prevenção e controlo da doença dos legionários”.
É um dado adquirido que é extremamente difícil impedir a presença da bactéria num determinado sistema, e que a água depois de contaminada apresenta um processo de tratamento mais complexo. Como tal, deverão ser adoptadas as medidas preventivas necessárias em termos de dimensionamento, adequada construção, adequada instalação e adequada manutenção, de modo a evitar a formação de condições que permitam o desenvolvimento da Legionella.
Assim, as entidades proprietárias, gestoras, exploradoras ou responsáveis pela manutenção de edifícios e respectivas instalações e equipamentos, devem recorrer a serviços específicos de controlo e prevenção da Legionella, em conformidade com a legislação em vigor, de modo a garantir o controlo microbiológico, físico-químico e da temperatura da água e garantir a eficácia das medidas preventivas relativamente à Legionella.
Artigo Publicado em Portugal, onde o governo possui normas e procedimentos para a minimização dos riscos da Legionella.
Por ser uma bactéria que vive no ambiente, no Brasil ela se aproxima da Lei Ambiental.