A bactéria legionella, que é conhecida por provocar a doença do legionário, foi localizada num reservatório de distribuição de água do concelho de Almodôvar. E não se sabe desde quando lá está.
Na sequência de uma análise específica, efectuada pela empresa Águas Públicas do Alentejo (APdA), entidade responsável pelo abastecimento de água em alta, ao concelho de Almodôvar, foi confirmada a “presença de uma bactéria no reservatório da distribuição”, referiu ao PÚBLICO António Bota, presidente da câmara de Almodôvar.
Os pormenores desta situação anómala chegaram ao conhecimento da autarquia no final da tarde da passada sexta-feira e, “no mesmo dia”, a população do concelho foi informada através de edital que tinha sido detectada a “Legionella spp, a estirpe menos perigosa da bactéria”. O risco a que está exposta a população “não é considerado grave pela Administração Regional de Saúde” garante o autarca.João Silva Costa administrador executivo da AgdA explicou ao PÚBLICO que as análises realizadas “não fazem parte” do plano de monitorização obrigatório imposto pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, mas sim de uma campanha de despiste levada a cabo pela empresa. Mesmo assim, os responsáveis autárquicos realizaram na tarde de segunda-feira uma reunião pública, com a presença de um responsável da APdA e da Autoridade Regional de Saúde, para indicar à população as medidas recomendadas para sua auto-protecção, quais os sintomas associados à contaminação, as formas de propagação/exterminação da bactéria e quais as medidas correctivas já em curso.
As pessoas presentes na sessão de esclarecimento foram informadas dos riscos associados à inalação de partículas de água durante o banho com chuveiro, rega por aspersão, lavagem de automóveis, etc.O município esclareceu as pessoas presentes que seria necessário proceder “semanalmente” à purga de toda a rede da residência e equipamentos, por exemplo (termoacumuladores, esquentadores, etc) com a abertura de todas as válvulas e torneiras, “pelo período de 10 minutos”, para garantir a circulação da água e evitar a sua estagnação.Os munícipes vão ter de “rejeitar” a primeira água dos chuveiros, por um período “não inferior a dois minutos”, sempre que haja utilização e, mensalmente, terão de tratar os chuveiros em solução clorada “por um período não inferior a 24 horas”, advertiu o município em edital.Entretanto a APdA já está a executar trabalhos de higienização e desinfecção dos reservatórios do Sistema de Abastecimento de Água de Almodôvar, que terminaram ontem, concluindo que a água “está a cumprir, a 100%, os critérios de qualidade das normas nacionais e europeias. A AgdA acrescenta que “vai manter os níveis de desinfectante mais elevados” até que a monitorização que está a ser efectuada indique que a contaminação está debelada. O Bloco de Esquerda (BE) acusa o executivo camarário “de leviandade” no tratamento da questão relacionada com a presença da bactéria e das suas implicações na segurança dos cidadãos, exigindo que seja explicado às pessoas quais os sintomas que a legionella provoca e quais as consequências na saúde individual.
Ficou também por esclarecer, “desde quando a bactéria se encontra na rede pública”.O teor do edital “remete para os utilizadores um conjunto de acções (rejeições de água) a tomar para evitar o contágio” e sem esclarecer se as medidas estão a ser tomadas por parte dos serviços camarários.António Bota esclareceu que o valor de água a pagar pelo excesso na utilização “não será significativo”. No entanto, admite que esta possa ser uma situação a avaliar se vier a ser colocada pelos munícipes.Também não há informação alguma “sobre quem tomará a seu cargo os custos da utilização conforme preconizada nos procedimentos descritos”, adiantou ao PÚBLICO Filipe Santos, dirigente local do Bloco, frisando que os esclarecimentos sobre as consequências da presença da bactéria na rede pública de abastecimento “não chegaram a todos os munícipes”.
O município esclarece que reservatórios de água que servem a vila de Almodôvar “estão sob gestão e são da responsabilidade das APdA”, mas que compete à autarquia “a obrigação de garantir um serviço de qualidade à população”.
Detectada estirpe da bactéria 'legionella' na água da rede pública de Almodôvar
Num comunicado enviado à agência Lusa, a Câmara de Almodôvar explica que a bactéria "legionella spp" foi detetada nos reservatórios da rede na passada sexta-feira, às 16:00, após uma "análise específica, não obrigatória, à qualidade da água", efetuada pela empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA).
Legionella spp detetada na rede pública de água de Almodôvar
Um Grupo de Utentes denunciou a existência de uma bactéria no reservatório de água de Almodôvar e o presidente da Câmara confirmou a existência de legionella, mas a menos ofensiva para a saúde.
Constantino Piçarra deu voz ao protesto do Grupo de Utentes, dizendo faltar informação precisa sobre o tipo de bactéria detectada, sobre a data em que foi descoberta e sobre as acções que o Município estaria a desenvolver, junto das Águas Públicas do Alentejo, para resolver o assunto. Constantino Piçarra adiantou que a Câmara pediu que os utentes deixassem, antes de utilizar a água da rede pública, a mesma a correr durante 10 minutos, facto que levou o Grupo que representa a exigir o não pagamento do excesso de utilização.
A Voz da Planície contactou o presidente da Câmara de Almodôvar e António Bota disse rejeitar qualquer acusação de não estar a proceder da melhor forma, que forçou as Águas do Alentejo a esvaziar o reservatório de água e que o que importa verdadeiramente é assegurar a saúde dos cidadãos, em vez de se fazer aproveitamento político de uma situação como esta.
António Bota explicou ainda, que a bactéria, a legionella, mas a menos ofensiva para a saúde, foi detectada na passada sexta-feira e que por uma questão de honestidade, a autarquia decidiu fazer um comunicado à população, divulgando as cautelas a ter numa situação como esta.
O presidente da Câmara de Almodôvar revelou, igualmente, que foi realizada no dia de ontem, uma reunião nas instalações da autarquia, para esclarecer a população e que as Águas do Alentejo garantiram que a questão ficaria resolvida no dia de hoje. Frisou, igualmente, que o valor de água a pagar pelo excesso na utilização não será significativo e que essa será uma situação a verificar, no caso da mesma vir a ser colocada pelos utentes.
O Bloco de Esquerda pediu, entretanto, em comunicado, esclarecimentos urgentes sobre este assunto e que sejam realizados os procedimentos necessários, no sentido de impedir a propagação da bactéria em causa.