(Por Oscar Wilde)
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro
arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho
questionador e tonalidade inquietante. A mim não
interessam os bons de espírito
nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim
louco e santo.
Deles não quero resposta,
quero meu avesso. Que me
tragam dúvidas e angústias e agüentem
o que há de pior
em mim.
Para isso, só
sendo louco. Quero-os santos, para
que não duvidem das diferenças e
peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela
cara lavada e pela alma
exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também
sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe
sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade
seriedade. Não quero
risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da
realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero
amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e
outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos,
para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos
para saber quem eu sou.
Pois, vendo-os loucos
e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos,
nunca me esquecerei de
que 'normalidade' é uma ilusão
imbecil e estéril."
4 de dez. de 2009
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