JORGE
TALIXA
07/11/2014 - 19:15
(actualizado às 00:50
de 08/11/2014)
Autoridades investigam origem do surto. Há um
doente em estado grave. Portugal registou centenas de casos nos últimos anos.
O director clínico do Hospital de
Vila Franca de Xira confirmou ao final da tarde desta sexta-feira que nas
últimas 24 horas deram entrada naquela unidade hospitalar 27 pessoas infectadas
com legionella, uma bactéria que pode provocar problemas
respiratórios graves, a que se juntam outros seis doentes que passaram a noite
noutros três hospitais de Lisboa.
Carlos Rabaçal explicou que sete destes utentes estão internados em
unidades de Cuidados Intensivos e Intermédios de Vila Franca, mas que apenas
uma das situações é considerada grave. As restantes 20 pessoas foram internadas
em camas de medicina geral e estão a receber a medicação indicada para este
tipo de situações. Os doentes têm idades entre os 30 e os 80 anos.
“De um modo geral, as situações são estáveis do ponto de vista clínico,
havendo apenas uma que é mais preocupante”, referiu Carlos Rabaçal. "Ao
que tudo indica", segundo disse à agência Lusa o director-geral da Saúde,
Francisco George, todos os casos circunscrevem-se ao concelho de Vila Franca de
Xira.
De acordo com Carlos Rabaçal, este afluxo anormal de doentes com
sintomas de legionella foi comunicado às autoridades de saúde
e o hospital desconhece as origens do problema. Carlos Rabaçal salientou,
contudo, que a bactéria não se transmite pelo contacto humano nem pelo consumo
de água. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) está reunida para perceber se se
justificam outras medidas de acompanhamento deste caso.
Os doentes são originários das freguesias do Forte da Casa, Póvoa de
Santa Iria e Vialonga (todas do sul do concelho de Vila Franca), mas também de
Bucelas (concelho de Loures) e Samora Correia (concelho de Benavente). O
PÚBLICO apurou que os inquéritos realizados pela Delegação de Saúde de Vila
Franca não identificaram nenhum fio condutor entre as 27 pessoas atendidas no
hospital
A exposição à bactéria da legionella pode originar
infecções respiratórias e os sintomas incluem febre alta, arrepios, dores de
cabeça e dores musculares. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
distribuiu, por seu turno, um comunicado onde explica que o laboratório dos
seus Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS) procedeu a análises
à água distribuída no concelho e “não verificou qualquer registo anómalo dos
valores normais para consumo humano”. A autarquia contactou, também, a EPAL
(empresa que fornece água ao concelho em alta), que assegurou que “não tem qualquer
registo de alteração das condições de abastecimento”.
Centenas de casos em Portugal
Portugal registou, entre 2009 e 2013, centenas de casos de doença do legionário, resultante da infecção pela bactéria legionella, segundo dados divulgados pela DGS e pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA). Os números constam do relatório Doenças de Declaração Obrigatória 2009-2012, divulgado pela DGS, e indicam que, neste período, foram notificados, no país, 459 casos.
Portugal registou, entre 2009 e 2013, centenas de casos de doença do legionário, resultante da infecção pela bactéria legionella, segundo dados divulgados pela DGS e pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA). Os números constam do relatório Doenças de Declaração Obrigatória 2009-2012, divulgado pela DGS, e indicam que, neste período, foram notificados, no país, 459 casos.
Numa análise mais recente feita pelo INSA, o organismo refere que, nos
284 casos registados entre 2010 e 2013, se evidencia que mais de 60% eram de
residentes na região Norte, com destaque para os distritos do Porto e de Braga.
De acordo com o relatório do INSA, a maioria do total de casos
notificados em Portugal deu-se em homens com mais de 30 anos, com o período do
Inverno e da Primavera a serem os que registaram menos casos, "o que
corresponde à distribuição sazonal esperada".
Esta expectativa justifica-se pelo facto de a multiplicação da legionella ser
favorecida pela temperatura e pela humidade. Aliás, estas bactérias podem
existir em reservatórios naturais ou artificiais, como humidificadores ou
sistemas de ar condicionado, piscinas ou jacuzzis.
É ainda salientado que a doença, apesar de ser de declaração
obrigatória, estará a ser subnotificada e subdiagnosticada. Ainda assim, o
número de casos tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos, tal como
acontece no resto da Europa.
No final de Setembro, em Almodôvar, no Alentejo, foi identificada a
presença da bactéria legionella nos reservatórios da rede
pública de distribuição de água da vila, mas, por se tratar da estirpe legionella
spp, considerada a "menos perigosa", a Administração Regional de
Saúde do Alentejo concluiu não haver um risco grave para a saúde pública pelo
consumo da água.
Ainda assim, a autarquia aconselhou a população a evitar ou minorar a
exposição por inalação de partículas de água provenientes de actividades como
banhos de chuveiro, rega por aspersão e lavagem de automóveis e pavimentos com
mecanismos de pressão. Não foram registadas, a propósito deste caso, quaisquer
infecções pela bactéria.
LEMBRAMOS QUE A LEGIONELLA É TRANSMITIDA PELA ÁGUA EM SPRAY OU AEROSSOL. UMA DOENÇA RESPIRATÓRIA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário